Editorial
O Brasil é uma Federação
Um dos resquícios mais ridículos dos últimos anos de polarização política é uma pseudo-regionalização que não costumava ser tão forte no Brasil. Houve um que outro movimento separatista nas últimas décadas, sendo a maioria formada por meia dúzia de pessoas e, quase sempre, acabaram sendo ridicularizados. Porém, mais recentemente, dedos foram apontados ao Nordeste por, supostamente, ceder seus votos à esquerda em troca de migalhas. Voltaram-se também ao Sul, supostos fascistas, pela maioria dos votos à direita. Quem faz essa divisão simplista esquece que o sistema do Brasil é majoritário e, em todas as regiões, houve divisão. Por isso, as eleições vêm sendo resolvidas nos décimos.
Um dos momentos mais vergonhosos dessa richa que parece coisa de criança vem acontecendo nas redes sociais agora que o Rio Grande do Sul passa por um capítulo triste de sua história. Há quem relativize o sofrimento por rixas políticas. Pouco ou nada ajuda a minúscula interação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, com o caso. Fez o protocolar, que é colocar alguma estrutura do governo à disposição, mas não compareceu, ele próprio. Há quem argumente que ele nada tinha para fazer por aqui. Ora, o papel de um líder é dar força à sua comunidade, eleitora dele ou não. Foi isso que se viu com o governador, diversos prefeitos, vereadores, deputados, que visitaram os locais da tragédia. Ninguém espera pá na mão ou coisa do tipo. Mas uma força, um abraço, tudo é bem vindo.
Tudo bem, Lula tinha suas razões políticas para participar do desfile do 7 de setembro, uma data que vinha sendo bastante usada por seus opositores. Mas e antes? E depois? Mesmo com a importante viagem à Índia para participar da Cúpula do G20, não tinha a possibilidade de atrasar o voo em algumas horas? Um tweet, uma ligação ao governador e a sua parte está feita, deixando o resto para o restante do governo? Não colabora com o projeto de reconstrução do Brasil, que Lula clama ter, esse tipo de postura.
Felizmente, Geraldo Alckmin, presidente em exercício, prometeu vir ao Estado no domingo. Ainda assim, quase uma semana após o início da catástrofe. Espera-se que as críticas façam o restante do governo federal passar a olhar um pouco melhor para que o próprio slogan, que é união e reconstrução, não seja apenas uma frase solta pensada por marqueteiros.
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